Hora certa de ir pra frente e pra trás. Marina, mais forte, mais forte, alto, alto. Até que dei a volta completa no balanço. Fechei os olhos, me agarreni às correntes que pendiam do suporte e se emaranhavam no assento. Ignorando as forças centrípetas ou centrífugas, uma delas não existe, tenho quase certeza, senti que voava. Não pressionava mais o pedaço de madeira que fazia as vezes de banco. O medo instintivo fez com que me agarrasse às correntes e ferisse as duas mãos, tamanha a força. Após chegar novamente no solo, coração batucando à altura da garganta, olhei para Marina e minha irmã que me observavam atônitas, pálidas, eu havia voado, dei a volta completa no balanço, fui o mais alto que podia. O mérito da sobrevivência era meu, o do feito, com certeza de Marina, mas o sexto sentido infantil a colocava em uma posição de culpa e prometemos que não contaríamos o episódio a mais ninguém, temendo repreensões.