Meu caso com as lojas de livros

Gosto de comprar livros, não tenho muito dinheiro, então, gosto de comprar livros baratos. A primeira livraria que vi fazer a estante dos relegados (livros a 8, 10 reais) aqui em BH foi a Ouvidor da Savassi, e me mantive fiel a ela, mesmo quando a Leitura liberou sua estante também.

Os títulos rebaixados à segunda divisão tendem a ser dissertações de mestrado ou teses de doutorado transformados em livros que, depois do lançamento, são esquecidos nas prateleiras. Outro tipo que também já comprei foram periódicos acadêmicos vencidos, “Estudos Latino-americanos de blábláblá”, e edições pobres com conteúdo muito útil: Glauber Rocha, O Cinema Segundo Francois Truffaut, Verdi em Versos, Bertold Brecht – Teatro Completo… Minha preferência, porém, são livros de ficção. Na estante de 10 reais, já comprei desde coletânea de contos famosinha aos meus queridos livros muito ruins. Destaque para o Sem trilha sonora, do Miguel Luciano, e Balada para as meninas perdidas, da Vange Leonel, desafios lidos de cabo a rabo, terrivelmente ruins, cada qual a sua maneira. Recomendo.

Uma vez meu pai me deu um dinheiro para gastar com roupas e acessórios. Passei por acaso na Ouvidor e tinha uma promoção de 3 livros por 10 reais. Não hesitei e escolhi 9, mas estava no caminho para o trabalho, iria de ônibus e não seria fácil carregar os livros até lá, solução lógica: comprei uma mochila.

Outros lugares para comprar livros baratos são os sebos e seus cheiros de mofo. Numa loja do Edifício Maletta, por 8 reais, comprei O poderoso Chefão, do Michael Puzzo Mario Puzo, amarelado. Capa dura, dessas de edição que vem junto com revista, grosso e levíssimo. Os dois primeiros filmes da trilogia estão no meu top5 e o livro não decepcionou. Não é que ele seja melhor ou pior do que os filmes – como literatura ele é (muito) ruim –, na verdade, ele parece um DVD com a parte dos extras. Destaque para a pornografia cortada da versão cinematográfica, páginas e páginas dedicadas à macrovagina da Lucy Mancini, apaixonante.

Apesar da contenção de gastos, nem só de poeira vivem minhas estantes… Livros novos e ainda não relegados à estante de 10 reais de vez em quando dão as caras por aqui. Nas livrarias, costuma-se seguir uma lógica de preço, acredito que seja independe da editora, não conheço a tabela, mas, pela prática, olhando de lado já dá pra saber: 29,90! 32! 40+! Ih! Aquele vai bater 60! A maior parte dos meus livros de 40+ são do Saramago. Aliás, minha melhor compra, apesar de ser um dos piores livros dele que já li (perdendo só para Caim), foi o Intermitências da Morte. Comprei no lançamento que teve aqui em BH e ele autografou o livro para mim. Tenho um livro do Saramago autografado, bota 40+ nisso. Outros, aqui em casa, são o Evangelho segundo Jesus Cristo (Companhia de Bolso, acho que 24 reais – caro pra edição de bolso!), Todos os Nomes (40+), Ensaio sobre a Lucidez (40+) e Caim (meu pai ganhou). Ainda não comprei o que considero o melhor do autor, O Ensaio sobre a Cegueira, li o da biblioteca e um online, já até dei de presente, mas ainda não tenho na minha estante.

No meu penúltimo grande desembolso, comprei pela internet 8 livros de uma vez só. Dividi em quatro parcelas de 70 reais. Foram gramáticas e outros livros temáticos de revisão de texto…  Daí não vale, livro pra estudar não é livro.  Os dois últimos livros mesmo que comprei foram de 29,90. A vaga é sua! e O homem que não gostava de beijos. O primeiro, por amizade: uma das autoras é minha amiga de infância e esse é o primeirão dela, preciso ter na estante com dedicatória e tudo. O segundo, por investigação. Ia ser entrevistada para uma vaga pelo autor, queria saber mais sobre ele e nada tão revelador quanto o próprio texto. Achei o livro na quarta livraria em que procurei, a Ouvidor da Savassi, num sábado, na hora do almoço (as lojas fechariam às 14h00, não abririam no domingo – a entrevista seria na segunda de manhã) e era o último do estoque, fiquei feliz. Saindo da loja, não resisti e passei os olhos pela estante de 10 reais… “Como dizer ma-ra-vi-lho-sa em 8 línguas – O guia de conversação para homens gays em viagem”.  Voltei rápido para o caixa com minha nova aquisição, aquele livro ruim não iria faltar na minha estante.

5 comentários sobre “Meu caso com as lojas de livros

  1. Liv disse:

    eu também tenho esse Intermitências autografado. Que filinha foi aquela, né? Todo mundo pulando na nossa frente… mas valeu, mesmo o livro sendo ruim ❤

    E o João ainda ganhou uma camiseta! Ou foi você? Ou os dois?

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