Antes de surgirem os blogs, eu já lia diários virtuais. Eram publicados em páginas pessoais de servidores gratuitos .net ou qualquer outro ponto que não fosse o com, recheadas de textos que iam crescendo, crescendo e crescendo até a barra de rolagem não poder mais. Também existia o “info/about” do ICQ que algumas pessoas já usavam como espaço para contar sobre o dia a dia. Daí veio o blogger.com e virou uma página na história da internet (e várias páginas de milhares de blogs por aí).
Lá em 2002/2003, comecei a seguir os blogs de uma turminha gay de BH. Tinha o Happens, o Baião de Ferro, o Cristiano F e mais uns três que não vou lembrar o nome. Anos depois, na época em que eu saía para “a balada”, encontrava o pessoal dos blogs e os reconhecia pelas fotos já vistas. Eu sabia cada detalhe relatado de um período da vida daquelas pessoas e elas não tinham a menor ideia de quem eu era.
Em 2003/2004, comecei a ler o Amarula com Sucrilhos, que era blog de escritora e trazia histórias em séries de posts numerados sequencialmente. Também, mais ou menos por essa época, descobri o Segunda Gaveta de Cima para Baixo. Este era tão bom que, quando descobri, li todos os arquivos, do começo ao fim. A história era a seguinte: um rapaz, bissexual, no armário, contava os casos de sua vida. Na maioria, casos picantes com uma dose muito grande de humor. Sorrio só de lembrar de um post que narrava a despedida de solteiro de um amigo… Outro, mais levinho, com ilustração da Hello Kitty, pode ser lido aqui.
Cheguei a acompanhar durante algum tempo os blogs de mães, como o da Gláucia Taricano e o do “Grávido”. Hoje, os filhos da Gláucia já devem estar quase adultos e a filhinha do grávido já deve pentelhar algum irmão mais novo. Ah. O detalhe psycho que esqueci de mencionar: quando eu gostava muito de um blog, eu gravava o conteúdo, pra não perdê-lo se o autor resolvesse se desfazer. O da gaveta, gravei inteirinho, tenho também todos os posts do Vídeo-texto e do Ovo negro e os incompetentes no amor do Amarula com Sucrilhos (baseada neste último, transportei o termo “incompetentes” para me referir a minha turminha de amigos que não pega ninguém- eu incluída).
Hoje estou menos fiel aos blogs pessoais, mas mantenho um relacionamento estável com o Síndrome de Estocolmo. Leio blogs de veículos, editoras, jornalistas, sem me apegar.