Cresci ouvindo histórias tristes com crianças. Minha mãe trazia histórias tristes pra casa, crianças com quem ela lidava no trabalho. Passado um tempo, desenvolvi certos escudos emocionais para notícias ruins. As criancinhas hidrocefálicas que morrem de um dia para o outro porque o dreno entupiu. E não há absolutamente nada a se fazer para prevenir que o dreno entupa. A menininha de 7 anos que não quer ir ao banheiro na escola porque arde pra fazer xixi, já que está toda machucada por ser estuprada pelo pai, todos os dias. O pai que, ao abraçar o filho de 4 anos numa reunião do conselho tutelar, sussurrou, ao seu ouvido: Quando você for abraçar sua mãe, eu mato os dois. E o menino não foi abraçar a mãe, a mãe sofrendo, e o menino não querendo abraçar a mãe. E fazendo birra. O pai, impaciente, saca uma arma e mata a mãe, só a mãe. A avó materna assiste à cena, luta com o pai e ele não consegue matar o filho.
cadê a lição de escudo emocional antes de contar as histórias tristes?