Infanto-juvenil parte 2

Não muito longe, em distância e em tempo, outros personagens ensaiavam a entrada na história. Um par de gêmeos univitelinos, separados ao nascer por uma mãe inconsequente. Um vai ser criado pela avó, num barracão ali num morro, o outro, por um casal de americanos bem-intencionados. Ambos, apesar das limitações de um e de outro, viverão num ambiente de amor incondicional, e serão reunidos, dezesseis anos depois, pela simultaneidade improvável de acontecimentos improváveis.

Na contra-mão dessa improbabilidade, uma menina, aparentemente sem graça, penteia os cabelos impenteáveis se olhando no espelho. Ela está se preparando para o primeiro dia de aula em uma nova escola, mas a ansiedade que seria tão típica desse tipo de ser humano não a atinge. Ela já sabe exatamente o que vai acontecer e, por exatamente, considere-se exatidão matemática, assim, antevê ou antescuta sua mãe a chamá-la, ela estaria atrasada, mas ela não estava e já sabia disso.

E que o tempo – em que os nomes dos personagens e mais um pouco de tudo que foi dito até agora serão revelados- nos perdoe a antecipação, algo que não tinha sido revelado até agora é que cada história aqui é temperada com um pouco de especialidades não usuais, se a menina sem graça já sabe o que vai acontecer daqui a uma ou duas horas, um dos gêmeos tem força e resistência além do regular, o outro possui alguma anomalia no sangue que o faz cicatrizar mais rápido do que qualquer um, a prima movimenta partículas de ar ao seu entorno, o primo acende velas com o pensamento e sua irmã, a órfã rancorosa, no futuro, poderá congelar um oceano inteiro com a mesma facilidade.

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