Cabe dizer que eu não te amo, ela interrompe. Eu não ligo, continuo, não me importa se me ama ou não me ama, eu te amo um tanto, e isso deve bastar. Não para ficarmos juntos. Certamente não, mas para que eu sofra embriagado, para que te ligue (embriagado ou não), para que eu pergunte como foi o seu dia quando você fica online ao chegar do trabalho, mesmo já tendo feito isso às oito da manhã e às duas da tarde. Nunca tenho nada para dizer. Eu tampouco, e isso não importa, gosto do jeito como diz “nada de mais”, me sinto importante quando há algo a mais, do mesmo modo que sofro desmedidamente quando esquece de me contar algo que houve em algum dos intervalos e, tempos depois, dias depois, uma semana depois, como quem não quer nada, solta um ‘não te contei?’, sinto sua falta a cada segundo, acho que sinto falta de ser você, sendo eu, consegue entender? Na verdade, não. Acho que eu gostaria que você fosse o John Malkovich e eu pudesse ser você, aquele filme, entraria na sua cabeça e saberia o que você está vendo, como você está vendo o que você está vendo. Não é muito saudável… Claro que não, mas respiraria melhor, sem querer parecer psicopata, acho que o ar da sua mente é mais limpo do que este que eu venho respirando. Você já pensou em gostar de alguém que pudesse te retribuir com, sei lá, favores sexuais? Haha, não é uma escolha, neste  momento sofro de um distúrbio mental ainda não estudado, o vocêssexualismo. Eu poderia tentar gostar um pouquinho de você, te dar umas dicas do que fazer pra me conquistar, que acha? Não se preocupe, gostaria  menos de você se você gostasse mais de mim, o que há de errado, se há algo errado, está comigo não com você. Parece que está tentando terminar nosso relacionamento. Não, não estou, pelo contrário, quero que ele continue assim, você sendo meu quase John Malkovich, vou ser seu John Cusack. Então está bem, continua tudo como sempre foi. Isso, como está sendo seu dia? Nada de novo :).