Eu o deixo a sós com a notícia. (eu me dispo da notícia, e minha nudez parada te denuncia e te espelha). Eu o deixo a sós com a notícia. Henrique lança olhares como garras e pede, silenciosamente, que eu permaneça ali – contra a minha vontade, contra a vontade de todos os outros. Eu deixo a sala e finjo ignorá-lo. Minhas costas são pura expressão dessa violência não-relatada. Ele observa enquanto os meus panos caminham por traços lombares, ele observa e abandona as súplicas, seus olhos ainda não conseguem se ausentar do desejo. Um tapa na cara, o barulho seco de uma viga metálica arremessada aos joelhos, as amarras que ainda se fazem sentir. E o amor, para ele, continua sendo esse formigamento anal que custa a ir embora.