Nunca fui tão RaDicAL na minha adolescência, mas já escrevi muito “naum” em vez de “não”. Isso NAUM me impediu de escrever direitinho na vida. Uma professora da minha pós contou a experiência de uma colega dela, que há 20 anos corrige redações de vestibular. Essa colega falou que, comparando as redações desse tempo todo, os jovens estão escrevendo cada vez melhor. Pã.
Em outro momento, uma outra professora minha, que dava aula de reforço de redação para jovens (que tinham condições de pagar pelo reforço de uma professora universitária), relatou uma discussão que teve com seus alunos, sobre cotas na universidade. Um deles, da turma contra, levantou que as cotas trariam gente que nem sabia escrever para a sala de aula. Ela o confrontou: “E você? Acha que sabe escrever?”. Então, a professora fez um intercâmbio com redações de um serviço voluntário que ela fazia, e levantaram que os erros cometidos eram semelhantes, assim como os acertos (e, muitas vezes, a capacidade analítica de problemas sociais daqueles que eram alunos no programa voluntário era bem melhor do que a dos alunos particulares).
Claro, grande parte das escolas particulares oferecem um ensino voltado ao vestibular melhor do que grande parte das escolas públicas e obviamente os alunos do experimento eram uma seleção. Mas, por aqui, quero discutir a mania de generalizar e se esquecer de olhar para o próprio umbigo quando se critica a tal “massa” (#novaclassemédiapride). Por exemplo, muitas das pessoas que escuto falarem “os jovens não leem mais” não chegam a ler um livro por mês. E você, acha que lê o bastante?
Pesquisas apontam que o brasileiro está lendo menos, mas eu não me convenço. Existe um boom no mercado literário, pós-autoajuda, que é o tal do YA (Young adults – jovens adultos), de literatura fast-food direcionada principalmente, mas não somente, para o público feminino jovem. Os livros com temáticas românticas e de leitura rápida vendem milhões de exemplares, inclusive aqui no Brasil. Alguém tem que estar comprando isso pra alimentar essa máquina!
Eu tenho uma esperançazinha de que os jovens estejam lendo cada vez mais. E, se achasse que não, provavelmente estaria aqui defendendo qualquer outra forma de diversão que fosse considerada inferior – o motivo para que eu não entre na discussão leitura de qualidade/leitura sem qualidade.
Passei praticamente toda a tarde de domingo procurando vlogs de leitores brasileiros no youtube, pra ver se eles existiam. E são muitos! Tudo começou porque aqui no wordpress eu sigo algumas tags específicas, “literatura” é uma delas. Na minha timeline de posts dessa tag, achei este blog super legal: 7em1 (literatura) que me levou a este outro, da mesma moça: Cocota Nerd .
Que me levou a este vlog, super simpático:
Que me levou a este vlog loucamente ótimo (o melhor conteúdo dos que visitei, e a moça parece assustadoramente com a Felicia Day, que também tem um vlog literário):
Que me levou a este vlog fofíssimo:
Que me levou a este outro vlog fofissíssimo:
Agora me diz, quem está lendo menos?
Oi, moça! Obrigada pelos elogios e pelo link pro meu blog e pro meu vlog. Fico feliz que tenha gostado =)
Concordo com você. Acho sim, que lemos super pouco (lemos numa maneira de dizer, eu leio muito como deve dar pra perceber hehehe mas falo dos brasileiros em geral) mas que estamos melhorando. Pra mim, qualquer tipo de literatura é válida, e antes ler um livro dito como “ruim” pela crítica (leia-se: best-sellers da vida) do que não ler nada, sabe?
Seu texto me fez pensar que eu decididamente preciso voltar a fazer vídeos literários pro canal… só me falta o tempo!
Beijos e obrigada pelo carinho ^^
Que interessante. Eu tenho a impressão de que as pessoas estão mudando um pouco a relação delas com a leitura, embora seja difícil precisar quais grupos sociais, quais classes, estejam exatamente fazendo isso. Não são os mais pobres, penso, infelizmente.
Escrevi um texto esses tempos sobre essa onda de vlogs literários, eles me interessaram justamente por mostrar que as pessoas estavam lendo várias coisas:
http://aoinvesdoinverso.wordpress.com/2014/01/03/nota-sobre-certos-leitores-de-hoje/