Bonsai, Alejandro Zambra

Já faz tempo que eu tinha escrito uma resenha do Bonsai do Alejandro Zambra, mas fechei o Word e nem vi quando ele me perguntou se eu queria salvar o texto que tinha acabado de escrever. Não salvei, e o texto se perdeu. Resolvi escrever aqui contando o que eu acho que eu tinha escrito porque não sei se conseguiria escrever o que eu tinha escrito de outra forma.

Começava o texto falando sobre como o Bonsai é um bom exemplo do que pode ser um romance, na acepção literária da palavra, na sua forma mais reduzida. Falava que o livro é um loop metalinguístico eterno, e tem esse personagem que é escritor, que estuda sobre bonsais, que escreve um livro que se chama bonsai dentro do livro que utiliza as técnicas de bonsai para se fazer reduzido, porém completo, como a arvorezinha.

Elogiei o autor, ele é chileno e jovem, tem uns 37 anos, foi o seu primeiro romance – um ótimo começo. Falei sobre como a história se sustenta, e sobre como nos envolvemos com personagens em espaços tão breves dedicados a eles. E, também, sobre como são personagens o bastante para que a história seja um romance e não um conto.  Demorei uma página nessas anotações sobre as qualidades que faziam de Bonsai um grande pequeno livro.

Mas também escrevi sobre minha experiência pessoal vivida, porque alguma coisa fica no contexto. Ler o livro no ônibus não é a mesma coisa que ler o livro deitada. Assim, ler Bonsai em silêncio provavelmente não deve provocar a fúria sentimentaloide de lê-lo escutando um álbum de covers do The Cure.

Comecei a leitura numa ida ao banheiro e por lá fui até a página 29*, não porque tenha sido uma ida ao banheiro mais demorada, mas porque o livro é diagramado de uma forma muito ligeira. Também porque, tendo finalizado meus afazeres banheirísticos, não quis interromper o fluxo de leitura.  Talvez seja porque tenha aprendido já na primeira página que a personagem vai morrer e, a partir da segunda, já não queria que ela morresse, e esperava que o autor mudasse de ideia. A partir daqui meu relato contém alguns spoilers, nada muito grave.  Mas ela não morre até a página 29, de qualquer forma.  Fui então para a sala, onde preparei uma setlist no tocador do computador que consistia em:

Carla Bruni – Le Toi Du Moi

E em seguida o disco de covers Just Like Heaven – A tribute to The Cure em que várias bandas tocam músicas do The Cure, compondo a lista conforme o printscreen acima. As músicas Just Like Heaven e Close To Me aparecem duplicadas porque as tinha baixado anteriormente e depois resolvi baixar o álbum completo e esqueci de deletá-las.

Então, o casal está apaixonado e eu estou escutando Le toi Du moi, Just Like Heaven, Just Like Heaven, The Lovecats, a crise começa e lá está Lovesong, In Between Days, and so on… A Jumping Someone Else’s Train não teve o timing exato da história, mas os murmúrios finais de Close To Me pela segunda vez embalaram minhas lágrimas quando o livro chegou ao fim. Eu chorei. Não sei se foi por conta do The cure ou do Bonsai, mas eu chorei (quem estou enganando, sempre choro). Não deu pra escutar o resto do disco, os gemidos de Close To Me ficaram no repeat.

O livro acabou e o texto acabou. Dou quatro estrelas e meia distribuídas de forma aleatória nos parâmetros aí debaixo, só pra não falar que foi o melhor que li até agora neste ano, porque ainda tenho alguns meses pra confirmar (e tenho também algum pudor em colocar cinco estrelas num livro que dá pra ler em menos de uma hora e meio álbum de covers do The Cure – preconceito bobo).

*Se não me falha a memória.

Bonsai, Alejandro Zambra

Bem escrito?  *****
História boa? *****
Fácil de ler?   *****

__________________________________

Extra:

2 comentários sobre “Bonsai, Alejandro Zambra

  1. Otavio Oliveira disse:

    Coincidência de novo (não, né?). Vi ontem o filme que eu nem sabia que tinha, baseado neste livro aí. Acho que eu teria gostado mais se não tivesse lido. E nem é só por causa daquela história de que ‘livro é sempre melhor que zzzzzzz’. É que o livro é redondo demais, é quase teoria literária aplicada, umas coisas que, no filme, não ficam tão bem, sabe? Enfim, assiste aí se achar =)

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