Era uma vez uma linha de cozinha que queria estar junto com as outras na caixa de costura. Mas ela ficava sempre jogada no armário sob a pia, lamentando sua vida dura.
Ainda nova, fora tirada do alfaiate pra repartir um grande bolo de chocolate. A metade de cima despedaçou quando foi cobrir o recheio, mas era a massa que estava macia, e não culpa da linha, que partiu certinho o meio.
O sucesso do bolo fez com que a linha nunca voltasse para suas semelhantes e ficasse na prateleira de cima, junto com os corantes.
Domingo era o pior dia para a linha, dia de frango assado. Era ela que amarrava as coxas da galinha, que perdia de vez o rebolado.
Solução para o caso não tinha, porque, por mais que suspirasse a linha, não havia, por toda a casa, camisa, calça, lenço ou saia de tecido que, com o amarelo bandeira da linha da confeiteira, não ficasse distorcido.