Estou na Índia. Depois de oito horas de ônibus pra São Paulo, quarenta minutos de ônibus para Guarulhos, seis horas de espera no aeroporto, oito horas e meia de voo até Johanesburgo, mais quatro horas de espera no aeroporto, nove horas e meia de voo pra Mumbai, uma hora na esteira de bagagem, quarenta minutos pra registrar o extravio de uma mala e oito horas e meia de diferença de fuso horário, estou na Índia. E vou passar um ano trabalhando por aqui.
Vim por intermédio da AIESEC e vou explicar mais sobre o processo neste post.
ÍNDIA
Acho que a primeira decisão a ser tomada, quando se busca uma experiência de intercâmbio, é escolher um país (ou região) de destino. Escolhi a Índia porque queria ter o choque cultural aliado à possibilidade de comunicação em Inglês e já conhecia pessoas que tinham ido (mesmo que a experiência delas não tenha sido totalmente positiva, tinha uma base para perguntas. Muito obrigada pela paciência, pessoal do 360 meridianos).
Porém, nem tudo são flores nesse mar. Ao decidir meu destino, também tomei consciência das limitações: na Índia, para mulheres, a regra é ir para os grandes centros urbanos. Se você quiser ser uma exceção, vá fundo. No meu caso, refleti que algumas diferenças culturais são boas se for para eu passar um final de semana no lugar, mas, para morar, é melhor um lugar mais estruturado (como Mumbai).
AIESEC
A AIESEC é uma organização de estudantes que surgiu no final da segunda guerra e busca a “paz mundial” por meio da formação de novos líderes (saiba mais aqui). Na prática, ela promove intercâmbios profissionais e humanitários para jovens com menos de 30 anos que estejam na graduação, pós-graduação ou tenham até 2 anos de formados.
Ela tem sede em várias cidades do Brasil e do mundo e oferece colocações para muitos países. A maior parte das vagas estão concentradas na Índia, na China e acho que na Turquia. Então, se você quiser ir para um desses três países, o processo é mais rápido. Nada impede que você escolha outro destino: um amigo que começou o processo seletivo junto comigo, acabou de ser aprovado para uma vaga na Dinamarca.
Como funciona o processo da AIESEC?
O meu processo foi um pouco conturbado, mas acredito que em condições ideais de temperatura e pressão, funcione deste jeito:
Você faz a inscrição pelo site — eles marcam uma reunião de apresentação em que fazem uma pequena avaliação do seu inglês (nada muito difícil) — eles te informam se você passou — você comparece a um dia para conhecer um pouco mais sobre as vagas e decidir se quer entrar no processo — se decidir que sim, você paga a taxa e entra no processo.
Como foi o meu processo
Fiz a inscrição pelo site em OUTUBRO — não me responderam, insisti por e-mail — marcaram a reunião de apresentação — foi tudo bem, fiz o teste, o moço da AIESEC falou que eu tinha passado e que era pra aguardar notícias sobre a próxima etapa por e-mail até o fim da semana — um mês se passou e nada — cacei pessoas por e-mail — me responderam que quem tinha feito meu processo seletivo tinha saído da AIESEC e era pra eu aguardar a virada do ano — aguardei, cacei mais pelo e-mail e facebook — finalmente, no final de FEVEREIRO, fiz a reunião para conhecer as vagas, assinar o contrato e pagar a taxa. Moral da história: não desista!
Escolhendo a vaga
Depois que você está dentro do processo seletivo, tem acesso ao banco de vagas e pode selecionar as que te interessam mais. Acredito que a coisa mais importante nesta fase seja manter a cabeça aberta. É hora de refletir: provavelmente você ainda é um estudante ou tem pouco tempo de experiência, então, conseguir a vaga de emprego 40 horas por semana dos sonhos já é difícil no Brasil, imagina em outro país.
No meu caso, depois de um processo que durou mais ou menos um mês, fui aprovada na primeira vaga que tentei (de 30). Foi praticamente a única pra qual fiz entrevistas (cheguei a avançar em outro processo, de uma vaga no Canadá, mas desisti antes de receber o resultado final). Depois das primeiras rodadas de entrevistas pra a vaga em que fui aprovada, cancelei as que tinha marcado com outras empresas e acabei ganhando bronca da coordenadora da AIESEC – eles ficam no pé mesmo! No final das contas, deu tudo certo.
E valeu a pena. Estou apenas na primeira semana de trabalho e já posso dizer que a empresa é ótima.
Custos
Inscrição no programa de estágios da AIESEC: R$1500,00
Visto para a Índia: R$470,00 (+R$300 da viagem bate-e-volta pra Brasília ou R$100 se você quiser fazer no consulado de BH que leva mais tempo)
Passagem: na parte mais surpreendente de todo meu processo, a empresa pagou a passagem de ida pra mim! A SP-Mumbai, ida e volta, sai por uns R$3500 em baixa temporada. Não vale a pena ir de BH. Quer economizar? Pegue um ônibus pra São Paulo e saia de lá. As passagens pra Nova Delhi são bem mais caras.
Seguro de viagem: R$1158 – fiz o plano Mundo 365 Prata da Porto Seguro por com cobertura médica/odontológica de emergência pra todo o ano, mas a empresa em que fui contratada fornece um plano de saúde mas que só cobre doenças com internações que durem a partir de um dia. Espero que não tenha a chance de usar esse plano para fazer uma recomendação mais completa.
Verba inicial: Separe uns dólares para começar sua vida por aqui, talvez seja uma boa ter por base seu salário e calcular umas duas vezes o valor para ter reserva.
Reflexão motivacional
Acho que a única dica que me sinto com autoridade para dar é: não invente desculpas, só não viaja quem não quer. Recomendo bastante a leitura deste post no 360 meridianos. Pense no seu objetivo e trace o seu plano. Meu objetivo traçado há uns dois anos era passar por uma experiência de trabalho ou estudo no exterior. Qual é o seu?
ai TT, que legal!!!
meus planos em 2 anos? trabalhaaaaaar.. viagens para estudo ou trabalho no exterior? acho que ja ficou para trás 😉
Já riscou essa parte da sua checklist faz tempo né Cynthia!
Ei Tete! Obrigada pelas referências. Adorei o blog e o post. Aproveite muito seu intercâmbio =) bjs
Obrigada, Luiza! O 360 meridianos continua sendo minha principal referência! Ainda vou tirar muitas dúvidas por lá!