
Foto tirada daqui.
Chinelos, everywhere.
Todo mundo usa chinelos e suas variações. Por aqui, esse calçado não tem discriminação social: vai do executivo ao office boy. E ninguém faz a menor cerimônia para tirar os sapatos, então, se você ainda guarda este costume neandertal de cobrir seus pés, jogue para o alto. A onda é mostrar os dedinhos, seja na rua, seja numa reunião de negócios. E ai de você se ousar entrar na casa de alguém e não deixar os sapatos (chinelos) na entrada!
Todos, eu disse TODOS, os tipos de roupa
Das mocinhas de burcas que cobrem o corpo todo, às de sári, às de roupa de ginástica, às de short (ok, turistas.), dos homens de turbante, terno ou bermuda. Tem de tudo, mas o traje preferido dos rapazes batalhadores é a calça e camisa social com chinelo.

Foto tirada daqui
Cheiros
Existe um cheiro geral que, depois de alguns dias na cidade, o nariz não percebe mais. Mas é um cheiro e, mesmo se não estiver sentindo, ele está por perto. É como se Mumbai fosse uma grande massa orgânica apodrecendo ao sol, soltando “o” cheiro. Também existem os outros cheiros. O cheiro de aquário de tartaruga de rios-esgotos por aqui. O cheiro de ervas em qualquer banquinha de fruta ou sacolão. O cheiro de comida das barraquinhas na rua. O nariz é quem mais batalha por aqui.
Sons
Buzinas. Indianos adoram buzinar. Na minha quarta semana por aqui, já estou entendendo a lógica: se veem algum carro na direção oposta a, vamos dizer, meio quilômetro de distância, buzinam. Se existe um pedestre que não faz menção nenhuma de querer atravessar a rua, buzinam. Se está tudo muito quieto ou parado, buzinam. Tem uma placa muito divertida perto do meu trabalho: “só buzine se necessário”.
Um dia na praia, com buzinas:
Hábitos dos pedestres
Todo mundo anda no meio da rua. Não bem no meio, mas numa grande faixa ao lado da calçada. Um observador pouco experiente (eu, ao chegar aqui) poderia se perguntar “por que raios as pessoas não andam na calçada?!”. Então, desafio este observador a tentar completar um quarteirão em uma calçada, superando os seguintes obstáculos prováveis: montes de lixo, buracos assassinos, bueiros enormes abertos, árvores frondosas, tubulações de gás que ocupam toda a área, carros estacionados e ocasionais torres de energia posicionadas bem no meio. Melhor andar na rua.
Tuk-tuk (rickshaw)
Ah! Bobagem, esses carrinhos são só para turistas! Esse foi o primeiro mito que quebrei ao chegar por aqui. Tuk-tuk é coisa séria! É o veículo que está um pouco abaixo dos taxis na hierarquia social dos transportes e é um dos meios mais práticos de locomoção em Mumbai. Pena que são proibidos na área central.
Funciona assim: você para na calçada e espera meio segundo, um tuk-tuk vazio se materializa na sua frente. Você fala para o motorista, também conhecido como rickshaw walla*, aonde quer ir (treine o sotaque), se ele aceitar te levar – porque sim, motoristas de tuk-tuk rejeitam corridas curtas demais ou longas demais, dependendo do humor – você sobe no carrinho**, o motorista liga o TukTukxímetro e partem juntos para a jornada. A bandeirada são 15 rúpias, e vale para o primeiro quilômetro, a partir daí, a cada 150 metros, aproximadamente, mais uma rúpia é cobrada.
* Walla é a primeira palavra mágica que aprendi por aqui, serve prum tanto de coisa e para entender algumas das piadas dos meus colegas de escritório. Não conheço uma tradução literal, mas é como se a pessoa/coisa dominasse algo ou algo dominasse a pessoa, por exemplo, a louca dos gatos, aqui, seria chamada de gatos walla.
**No carrinho cabem três pessoas, mas já vi oito indianos amontoados em um só.
Trânsito
No desenho abaixo, tento representar todas as possibilidades de movimentação para um tuk-tuk que esteja andando numa movimentada avenida em Mumbai. As elipses são os veículos, a seta verde indica a direção do tráfego de cada lado da avenida e as setas azuis são os movimentos permitidos.
Daí você me pergunta: o que são as casinhas roxas entre os carros? Pedestres atravessando tranquilamente.
Meus life achievements pessoais por aqui (*XP):
********** Atravessar a rua sem morrer
********** Atravessar a rua sem ter medo de morrer
********** Atravessar a rua sem parar a cada buzina de um tuk-tuk que aparentemente quer me matar
********** Atravessar a rua escutando música com fones de ouvido e assobiando
********** Andar na garupa de uma moto em alta velocidade, sem capacete, na hora do rush
Tente fazer isso: Peça ao Jaeysh para te levar de moto de Vashi até Andheri. Life-change experience.
hahaha! ainda tenho que me recuperar do trauma dos cinco minutos em cima de uma moto!
No norte a gente chamava o moço do tuktutk de Baya (pronuncia-se Baayá). Significa irmão mais novo, mas você só pode usar para tuktuks e não para taxis. E que grande sorte a sua de ter taximetro no tuktuk. Com a gente era uma briga eterna para conseguir um acordo com o valor…
Muito bom o texto, tetê!
Obrigada Luíza! quando for dar um passeio pelo norte vou chamar o Baayá!
ahhh, as buzinas, os cheiros, os tuk-tuks… Sabe, até que estou com saudades da Índia. Quem sabe não pego aquela vaga? hahaha
hahaha.
hahaha! Me diverti muito lendo esse post! E a pitada de humor foi digna de parabéns… Abraço!