Vejo brotar nações de 200 milhões, de 1 bilhão de universos ensimesmados. Não há deus presente que se faça valer de tantas estrelas em um único jeito de ser, que se multiplica como se não se apegasse à ideia de fim. Tão únicos na qualidade de existir que, por um, dois momentos, pensam não haver ofício possível que os reúna, novamente, numa qualidade de ninho.
Desses relapsos universais, se constrói um mundo em cima de outro, em cima de outro, em cima de outro. Num planeta que gira com seus tantos bilhões de unicidades, com suas tantas milhares de capitais – em meio àquelas estrelas cadentes explosivas. Faz um desejo, para que a noite as silencie. Resta um novo escombro dentro da nova construção.
Gladiadores, universos necessários, com os quais é preciso fazer tanto. Sentam-se sobre si mesmos: não há lua, não há sol e não há vento, a direção acabou. Não há o abrir de janelas para uma multidão de mundos, não há vácuo e nem o novo, apenas o que existiu e se reconstrói.
Perdem-se detalhes: pequenas vidas equilibradas em pernas tão finas quanto é possível que sejam, elas brincam de pedir por água e comida, e são tratadas assim como são criadas, assim como estão destinadas. São algo a menos que os cachorros da rua, são algo a mais que as pedras na construção, sempre obstáculos no caminho. E os cachorros se amontoam polivérmicos, tristes, compassíveis, dividindo esse espaço sideral tão reduzido.
Vejo brotar da terra sinais de esperança. Não há finitude para a água que faz a terra brotar. Também, finitude não há para a terra que impregna-se da face, e marca, como rio corrente a lágrima quando há o vazio do que não existe por toda parte, somente aqui: seja a fome, mal corrosivo, seja a dor, companheira fiel, seja a tristeza, uma opção.