2015 – Um ano de reflexões e endurecimento

A música do meu 2015 fica com o Emicida, aquela que colou:

Se 2014 foi o ano em que perdi o gosto por despedidas, em 2015 refleti bastante e endureci um pouco. Foi um período bem autocentrado e essa retrospectiva espelha o lapso egoísta: com licença mundo, há coisas que preciso fazer por mim antes.

Num ano em que tantas coisas pediram por opinião, não consegui definir quase nenhuma – acho que não fizeram falta. Como resultado, escrevi bem pouco, foram 4 posts desde a retrospectiva do ano passado. Li pouco também e não consigo lembrar nada de que tenha gostado muito – Minha querida Sputnik, talvez, mas acho que já esqueci a história.

A nuvem de palavras que fiz nesses aplicativos de Facebook acusa: a palavra que mais disse por lá neste ano foi “NÃO”. E um não em particular definiu todo meu ano. Em março, decidi que não queria mais ficar na Índia e voltei ao Brasil em julho. Em breve, estarei de volta à Mumbai e veremos se os ares de casa me reavivaram alguma compaixão cultural. Escrevi este post antes de voltar. Já cheguei aqui em Mumbai e nada mudou, parece que eu sempre estive por aqui – isso é um sintoma de estar familiarizada com um lugar, “ter duas casas”, como uma colega japonesa observou.

Antes de ir para o Brasil, fiz o projeto para escrever cartões postais personalizados, mas acabei mandando quase todos em branco – o processo de comprar cartões, endereçar e escrever foi muito mais trabalhoso do que o esperado. Ao chegar lá, fiquei durante algum tempo na casa dos meus pais, mas acabei alugando um quarto num apartamento bonitinho próximo, que tinha uma árvore na sala.

Por lazer viajei apenas uma vez, mas deu para realizar um sonho: em abril fui ao Japão durante a floração das cerejeiras e foi lindo. Pelo trabalho, viajei da Índia para o Brasil – ainda não consegui realizar o sonho da classe executiva – e fui a grandes cidades do Sul: Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis. E mais umas cidadezinhas espalhadas: Santa Maria, Londrina, São Carlos, Ribeirão Preto e Montes Claros.

Em julho, fiz um curso de escrita e o primeiro módulo de um curso de processo criativo, tudo isso para quase não escrever ou criar nada depois. Mas investi o tempo e energia que sobraram da falta de inspiração conhecendo muita gente nova, trabalhando bastante e sofrendo o mesmo tanto (ou mais) com a procrastinação.

No finalzinho do ano, torci os dois pés. Nessas coisas esotéricas, torcer o pé é um sinal para desacelerar, mas também pode significar mudanças bruscas e “perda de chão”. Esperemos. Por enquanto, desço escadas com alguma dificuldade e o plano de começar a correr ficou um pouco mais distante.

Apesar do aparente amargor, termino 2015 com um sentimento de gratidão (por mais irritante que a palavra tenha se tornado) pelas pessoas que passaram pela minha vida este ano. E teve de tudo: de coração partido a coração remediado, a coração partido de novo, remendado uma vez mais, passando por surpresas de última hora trazidas de volta do passado distante e, claro, pelos velhos amigos que fizeram companhia nos finais de (quase) todas as tardes. Sinto um carinho grande por todas as velhas e novas pessoas que fizeram parte desse meu mundinho meio realismo fantástico em 2015.

Falando em gratidão, depois de começar meu movimento autolove, em 2015 consegui terminar de fazer as pazes com o corpo gordo e senti o impacto que me cercar de exemplos positivos têm – seguir blogueiras gordas, não ler notícias de celebridades, não ver televisão aberta, me afastar de gente e conversas negativas. Agora, estou o mais gorda que já estive em toda minha vida – não para me gabar – e também o mais feliz e apaziguada com isso. Obrigada bodypositivismo e seções plus size, tod@s devem tentar.

Que 2015 tenha tido esse jeitinho de tarde de tempestade e preguiça para que 2016 seja um ano arco-íris de energia.

 

Para o ano novo, meus desejos estão um pouco Capícua, nesta música daqui:

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